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Bases Fisiologicas do Exercício

Exercícios físicos são parte integrante da prática e preparação esportiva, e podem ser utilizados em medicina com diversas finalidades. Os principais objetivos da prescrição de exercícios são a profilaxia, tratamento e reabilitação de doenças e deformidades, promoção de aptidão para as atividades da vida diária, para o trabalho, para o lazer e para o esporte, além de estímulo à estética corporal e ao bem-estar psicológico. Esses efeitos decorrem de adaptações morfológicas e funcionais induzidas pela atividade física em geral. Alguns parâmetros de aptidão e saúde apresentam incremento em seus valores de medida em função da atividade física, entre eles a massa óssea, massa muscular, taxa metabólica, gasto calórico, hormônios anabólicos, força, potência, resistência, flexibilidade, coordenação, VO2 máximo, limiar anaeróbio, sensibilidade à insulina, HDL colesterol e níveis de endorfinas. Outros parâmetros apresentam redução de valores: massa adiposa, sensibilidade adrenérgica, LDL e VLDL colesterol, triglicerídeos e níveis de cortisol.

Todos os médicos e profissionais da saúde devem estar atualizados nas relações dos exercícios com a saúde, para que não sejam perdidas oportunidades de bem orientar as pessoas. Estudos epidemiológicos evidenciaram que as populações fisicamente ativas têm menor incidência de muitas doenças e situações patogênicas, entre elas a hipertensão arterial, a obesidade, o diabetes mellitus, a dislipidemia, a osteoporose, a sarcopenia, e também ansiedade e depressão. Consequentemente, diminui a ocorrência de aterosclerose e suas consequências: doença coronariana, doença cérebro-vascular e doença vascular periférica. Também diminui o confinamento no leito devido à fraturas ósseas e incapacidade física grave, reduzindo-se a mortalidade por infecções pulmonares e tromboembolismo.

Um aspecto importante é que os estudos epidemiológicos não evidenciaram superioridade de nenhuma forma de atividade física sobre outras, no que diz respeito à promoção de saúde. Em publicação conjunta com o Centers for Disease Control and Prevention dos Estados Unidos da América, o American College of Sports Medicine reconheceu em 1.995 que as suas próprias recomendações para promoção de saúde, anteriores à essa data, estavam incorretas. A entidade divulgava até então, que os exercícios aeróbios que aumentam o VO2 máximo eram preferenciais para estimular a saúde. Atualmente consensos internacionais reconhecem que o estímulo à saúde ocorre também com atividades anaeróbias e interrompidas, que não aumentam o VO2 máximo. Talvez os estudos não tenham tido a sensibilidade necessária para esclarecer essa questão, mas o fato concreto é que atualmente não é possivel afirmar que alguma atividade física seja mais saudável do que outras, a não ser que se considerem os riscos de lesões músculo-esqueléticas e de intercorrências cardiovasculares. Por essa razão, as campanhas de saúde pública não enfatizam a necessidade de uma forma particular de atividade física, mas a importância de um estilo de vida não sedentário. Entende-se por atividade física a contração muscular de qualquer tipo, que pode ou não levar ao movimento, independente da finalidade: postura, trabalho, locomoção, esporte e lazer. Desde que o gasto calórico seja superior à média diária de aproximadamente 200 Kcal, haverá redução na incidência de doenças. Exercício é conceituado como forma especial de atividade física, planejada, sistematizada, progressiva e adaptada ao indivíduo, sempre com o objetivo de estimular uma ou várias adaptações morfológicas ou funcionais.

Outro aspecto relevante é que os efeitos deletérios à saúde produzidos pelo sedentarismo são lentamente progressivos. Pessoas jovens sedentárias não se apercebem dos problemas, que são bastante evidentes nas pessoas mais idosas. Esse fato justifica a atitude médica de estimular a atividade física em todas as faixas etárias. Também é importante notar que a motivação para a atividade física pode mudar com a faixa etária, mas isto não afeta o efeito promotor de saúde. Exemplificando, uma pessoa jovem pode ter como primeira motivação para exercícios a estética corporal ou o lazer, mas os efeitos salutares estarão sempre presentes.

NÃO TOME MEDICAMENTOS SEM QUE SEJAM PRESCRITOS POR SEU ESPECIALISTA.

Dr. José Maria Santarem (Doutor em Medicina, Fisiatra e Reumatologista)
Diretor do Centro de Estudos HC-FMUSP de Medicina Esportiva